28 outubro, 2006

Rádio Livre Internacional

Para mim ouvir rádio continua a ser um prazer mas já o foi bem mais. As razões são várias e penso que comuns a quase toda a gente, exemplos como a televisão, as novas tecnologias e a fraca qualidade da maioria das rádios existentes.
Para os pioneiros das rádios livres, grupo no qual eu me incluo, o cenário só pode ser negro. Em 1985, ano em que comecei a fazer rádio, ainda eramos considerados "piratas" mas o conceito de rádio livre já estava instalado e, apesar das dificuldades que a legalização traria, o futuro apresentava-se risonho.
Os mais jovens concerteza que desconhecem a génese da rádio tal como hoje ela se nos apresenta, mas para a nossa geração, a dos anos 80, houve uma rádio que marcou os jovens de Coimbra, falo da Rádio Livre Internacional. Uma rádio que emitia dos lados de Santa Clara, julgo eu, em que os locutores levavam os seus LP's, singles e cassetes para os amigos poderem ouvir em suas casa. Não havia cd's e muito menos computadores, era "tudo à mão" e ao vivo. Mas aquilo que eu mais me lembro de ouvir na RLI era o "Moments in love" dos Art of Noise que rodava em cassete "sem fim" na sua versão de 10 minutos, concerteza que muitos ainda se lembrarão deste clássico. Este conceito de rádio desapareceu, as livres também e agora?
Os grandes grupos compram tudo o que emite ondas hertzianas e as rádios locais vão desaparecendo ao sabor da maré económica de um país "em recuperação". Talvez a solução para as rádios locais fosse uma programação distinta das nacionais, sem "fotocópias" e desligadas das regras da moda. Quem manda nas rádios, e também quem faz rádio, parece ter esquecido qual o obectivo destas existirem, ou não. Os ouvintes, sim os ouvintes esses ilustres anónimos que conhecem música e querem continuar a conhecer novas e velhas tendências.
Todos nós estamos fartos de ouvir as mesmas músicas, novas ou "velhas", nas rádios existentes. Há que mudar esta mentalidade urgentemente com o risco de a rádio morrer, tal não aconteceu quando a televisão surgiu, mas agora isso poderá suceder.
Saudações radiofónicas para todos.

1 comentário:

Lipe disse...

Apesar de tudo eu acompanhei o processo de legalização das ditas "piratas" no inicio dos anos 90 e muita coisa mudou. A rádio local deixou de ser feita para o ouvinte e passou a ser uma imitação do que se faz em rádios nacionais. Ora bem, se o original já não é grande coisa, em alguns dos casos, como pode a cópia ser melhor ou ao mesmo nível?
Lembro-me das madrugadas passadas a ouvir rádio em directo, a jogar à batalha-naval na rádio às 4 da manhã, a ouvir a rádio feita em directo com todos os (naturais) erros humanos de quem faz directo.
Hoje em dia as locais estão a ficar amorfas e daqui a 3 ou 4 anos apenas serão meros retransmissores de grandes grupos poderosos da capital.
Má gestão de quem dirige as locais, estando estas vazias de ideias, embora seja um mal que afecte as nacionais. A rádio que se faz em Portugal, excepto a única rádio de noticias que temos (TSF) é uma rádio muito pouco atractiva e cheia de lugares comuns.